Este blog traz digitadas as poesias do livro A ESPERA, de Renata Menduni. Cada uma delas nos traz um complexo conjunto de dúvidas, adeuses e incertezas, para nós, amantes da poesia, nos deliciarmos!

domingo, 24 de março de 2013

O CAMINHO

Vamos andando,
Buscando sempre o que não é possível achar
Vamos fingindo!
Afinal, não no resta muito além disso
Cada um afundando em suas próprias dúvidas e erros.

Te entreguei minha própria vida há algum tempo atrás
Erro precedido de medo: você me perdeu

Vamos celebrar a indiferença
Reinante em cada um de nós
Somos pequenos e mesquinhos
Como enxergar algo além?

A disputa é ferrenha
Precisamos sempre conquistar o que ainda não temos
Vamos seguindo!
Não nos resta muito, enfim

Vamos seguindo, mas
Para onde?

Rneata Menduni

O CHÃO

Vê, Maria,
Como a realidade contesta as ilusões!
E ainda assim sonhas com tudo que jamais serás
E voas, como se pudesses ser pássaro livre
Observa, Maria,
Como imaginas grande tua existência
Que pena,  Maria!
Que tudo não passaste de um sonho vão.

Renata

O DESPERTAR


Estou só.
Pois só eu sou
E só eu sei
Sobre essa imensa
E indivisível solidão
Pássaros cantam
Trazendo uma paz melancólica,
Uma paz que entristece
Que dá vontade de chorar
Sol já não há
O vento é gelado
Os pássaros ficam cada vez mais distantes
Como tudo o que há em volta.
Sem querer, desperto!
-A realidade bate à porta

Renata Menduni

O FIM

Uma solidão,
Algumas lembranças perdidas.

Há o fim inevitável
Para todas as coisas,
Todas as pessoas

A separação das mãos,
Do olhar,
Dos corpos
Por uma distância imperfeita
Incapaz de trazer esquecimento

A chuva cai, trazendo um vazio que dói
O silêncio sufoca o perdão

Saudade,
Solidão,
Lembranças,
Fim,
Distância,
Dor,
Silêncio:
Apenas isso
Restou de nossas vidas.

Renata Menduni

O QUE FOI

Não eternizamos
Nenhum momento
Nem valorizamos a efemeridade das coisas
Não sonhamos sonhos vãos.
Nada ficou por dizer.
Tudo foi completo
Nessa imensa imperfeição.
Restou um vazio.
Nada restou.
Nem o sol é eterno.

Renata Menduni

PALCO

Aqui estou
E cismo.
Pessoas medíocres vão e vêm,
Mas estão sempre no mesmo lugar.
Trazem uma felicidade aparente.
Elas quase acreditam.
Ah, grande utopia!
Mas, tudo bem, amanhã tudo estará bem.
Adormecemos com a certeza de que nada mudará.
Precisamos fingir, sempre.
A felicidade é um diamante de vidro.
O que no resta, então?
Encenar...

Renata Menduni

PARADOXO

Deus!
Por que me permites tal confusão?
Se existes, onde Te encontras agora?
Meu espírito se perde em tão grande abandono.
Minha alma quer fugir, sem saber para onde.
Neste momento, nem Tu poderias me trazer paz.

Onde Te encontras?
Não me permitas pensar,
Me abstenhas deste sofrimento vão.
Dotaste de inteligência criaturas confusas e inconstantes,
Com que intenção?
Divertimento?

O criador conhece a dor?
O criador suportaria a soidão?
Se És o Deus do perdão,
Perdoa meu atrevimento,
Então Te perdoarei a falha
De teres criado seres tão errantes.

Renata Menduni